
Enquanto brincava com o controle-remoto da tevê na noite deste último domingo, me deparei com uma matéria sobre uma mulher que havia matado oito filhos recém-nascidos, enterrado dois deles no jardim de sua antiga propriedade e os outros seis na garagem de sua nova casa, na aldeia de Villers-au-Tertre, França.
A idéia de escrever sobre aborto já era antiga, mas nunca havia sentido que havia chegado o momento certo. Mas esta história me deu um estalo e, de assalto, fui tomado por uma personagem que ganha a vida cuidando dos filhos de suas vizinhas e realizando abortos naquelas que não querem ter filhos... Talvez ela enterre os pequenos corpos em seu próprio jardim, não sei.
Não quero que seja uma história assustadora ou triste. Quero criar uma narrativa crua, seca, dura, todavia, de modo que minha personagem não perca a verossimilhança, que ela seja pacata, humilde, quase dócil, que pareça com tantas mulheres por aí que ganham a vida de maneira pouco convencional e que mesmo assim não deixam de ser humanas, de carne-e-osso... Mas ainda está muito difícil. Vai ser um mergulho daqueles!...
uma viagem quase sem volta...
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